Quem sou eu

Minha foto
Esse Blog será conduzido pelas alunas Josiela Xavier & Ana Paula dos Santos,do 8 período de pedagogia noturna.

terça-feira, 31 de maio de 2011

O Conto de Fadas





Os Contos de fadas são importantes na vida das crianças,na formação de sua personalidade, principalmente no primeiro ciclo de sua infância; enfocar um trabalho em que  a criança desenvolva o hábito e o prazer da leitura; principalmente dos "Clássicos Contos de Fadas"; tanto em casa quanto na escola, espera-se que o desenvolvimento deste trabalho venha ser de forma geral  tanto nas leituras auditivas, quanto nas visuais e escritas. A proposta é incentivar o educador, fazer dos contos de fadas o ponto de referência de sua didática, utilizando sempre suas aulas com um conto ou mais; de forma que envolva o aluno sem que o aluno tenha que fazer alguma atividade em torno deste, deixar que a criança por si só levante os pontos de vistas dela por prazer e não por imposição, e assim seja este professor o mediador da formação da personalidade de seus alunos.  Embora  acredita-se que o caráter e a personalidade não se originam e nem   se desenvolvem como coisas em si mesmas( Vigotsky, 1999); e estes têm suas raízes nas mais simples aquisições, que crescem como produto do contato com os contos de fadas... Elas são consolidações remanescentes dos componentes existentes na literatura infantil, tais como os ideais e afetivos em grandes tendências dos comportamentos relacionados a situações sociais.


A importância da Roda de Leitura

Nossa professora Gyselle,nos mostrou a importância das leituras em roda e o ato de ler com prazer e viajar nesse mundo imaginário e ao mesmo tempo tentando mostrar a realidade.
A literatura nos mostra que as rodas de leitura contribuem de forma muito significativa na formação de novos leitores, melhoram a participação, o espírito crítico, a atenção e a criatividade do sujeito. 
As rodas de leitura são caracterizadas por um perfil no qual os participantes se reúnem em torno de um leitor-guia. além disso, devem oferecer um ambiente favorável ao grupo.


Sugestões de leituras de RODA!!





Beatriz Meirelles



































José Jorge Letria

quarta-feira, 11 de maio de 2011


Era uma vez uma menina linda, linda.
Os olhos pareciam duas azeitonas pretas brilhantes, os cabelos enroladinhos e bem negros.
A pele era escura e lustrosa, que nem o pelo da pantera negra na chuva.
Ainda por cima, a mãe gostava de fazer trancinhas no cabelo dela e enfeitar com laços de fita coloridas. Ela ficava parecendo uma princesa das terras da áfrica, ou uma fada do Reino do Luar.
E, havia um coelho bem branquinho, com olhos vermelhos e focinho nervoso sempre tremelicando. O coelho achava a menina a pessoa mais linda que ele tinha visto na vida.
E pensava:
- Ah, quando eu casar quero ter uma filha pretinha e linda que nem ela...
Por isso, um dia ele foi até a casa da menina e perguntou:
- Menina bonita do laço de fita, qual é o teu segredo para ser tão pretinha?
A menina não sabia, mas inventou:
­- Ah deve ser porque eu caí na tinta preta quando era pequenina...
O coelho saiu dali, procurou uma lata de tinta preta e tomou banho nela. Ficou bem negro, todo contente. Mas aí veio uma chuva e lavou todo aquele pretume, ele ficou branco outra vez.
Então ele voltou lá na casa da menina e perguntou outra vez:
- Menina bonita do laço de fita, qual é o seu segredo para ser tão pretinha?
A menina não sabia, mas inventou:
- Ah, deve ser porque eu tomei muito café quando era pequenina.
O coelho saiu dali e tomou tanto café que perdeu o sono e passou a noite toda fazendo xixi. Mas não ficou nada preto.
- Menina bonita do laço de fita, qual o teu segredo para ser tão pretinha?
A menina não sabia, mas inventou:
­- Ah, deve ser porque eu comi muita jabuticaba quando era pequenina.
O coelho saiu dali e se empanturrou de jabuticaba até ficar pesadão, sem conseguir sair do lugar. O máximo que conseguiu foi fazer muito cocozinho preto e redondo feito jabuticaba. Mas não ficou nada preto.
Então ele voltou lá na casa da menina e perguntou outra vez:
- Menina bonita do laço de fita, qual é teu segredo pra ser tão pretinha?
A menina não sabia e... Já ia inventando outra coisa, uma história de feijoada, quando a mãe dela que era uma mulata linda e risonha, resolveu se meter e disse:
- Artes de uma avó preta que ela tinha...
Aí o coelho, que era bobinho, mas nem tanto, viu que a mãe da menina devia estar mesmo dizendo a verdade, porque a gente se parece sempre é com os pais, os tios, os avós e até com os parentes tortos.
E se ele queria ter uma filha pretinha e linda que nem a menina, tinha era que procurar uma coelha preta para casar.
Não precisou procurar muito. Logo encontrou uma coelhinha escura como a noite, que achava aquele coelho branco uma graça.
Foram namorando, casando e tiveram uma ninhada de filhotes, que coelho quando desanda a ter filhote não para mais! Tinha coelhos de todas as cores: branco, branco malhado de preto, preto malhado de branco e até uma coelha bem pretinha. Já se sabe, afilhada da tal menina bonita que morava na casa ao lado.
E quando a coelhinha saía de laço colorido no pescoço sempre encontrava alguém que perguntava:
- Coelha bonita do laço de fita, qual é o teu segredo para ser tão pretinha?
E ela respondia:
- Conselhos da mãe da minha madrinha...

O PRINCIPE QUE VIROU SAPO

                                                  google.com.br

Era uma vez uma bondosa princesa muito bonita, que vivia num reino muito distante.
Um dia, sem querer, a princesa deixou cair uma bola dentro de um lago. Pensando que a bola
estivesse perdida, começou a chorar.

Princesa, não chore. Vou devolver a bola para você. — disse um sapo. — Pode fazer isso? –
perguntou a princesa. — Claro, mas, só farei em troca de um beijo. A
princesa concordou....

Então, o sapo apanhou a bola, levou-a até os pés da
princesa e ficou esperando o beijo. Mas, a princesa pegou a bola e
correu para o castelo. O sapo gritou: — Princesa, deve cumprir a sua
palavra! O sapo passou a perseguir a princesa em todo lugar. Quando ia
comer, lá estava o sapo pedindo a sua comida. O rei, vendo sua filha
emagrecer, ordenou que pegassem o sapo e o levassem de volta ao lago.
Antes que o pegassem, o sapo disse ao rei: — Ó, Rei, só estou cobrando
uma promessa. — Do que está falando, sapo? Disse o rei, bravo. 
— A  princesa prometeu dar-me um beijo depois que eu recuperasse uma bola
perdida no lago. O rei, então, mandou chamar a filha. O rei falou à
filha que uma promessa real deveria ser cumprida. Arrependida, a
princesa começou a chorar e disse que ia cumprir a palavra dada ao sapo.
A princesa fechou os olhos e deu um beijo no sapo, que logo pulou ao
chão. Diante dos olhos de todos, o sapo se transformou em um belo rapaz
com roupas de príncipe. Ele contou que uma bruxa o havia transformado em
sapo e somente o beijo de uma donzela acabaria com o feitiço. Assim,ele se apaixonou pela princesa e a pediu em casamento. A princesa aceitou.
 
 

Fizeram uma grande festa de casamento, que durou uma semana inteira.

A princesa e o príncipe juntaram dois reinos e foram felizes para sempre.
 

Os Músicos De bremen ( Irmãos Grimm)





Um homem tinha um burro que, há muito tempo, carregava sacos de milho para o moinho. O burro, porém, já estava ficando velho e não podia mais trabalhar. Por isso, o dono tencionava vendê-lo. O pobre animal, sabendo disso, ficou muito preocupado, pois não podia imaginar como seria seu novo dono... e então, para evitar qualquer surpresa desagradável, pôs-se a caminho da cidade de Bremen.
"Certamente, poderei ser músico na cidade" - pensava ele.
Depois de andar um pouco, encontrou um cão deitado na estrada, arfando de cansaço.

- Por que estás assim tão fatigado? perguntou o burro.

- Amigo, já estou ficando velho e, a cada dia, vou ficando mais fraco. Não posso mais caçar; por isso meu dono queria me entregar à carrocinha. Então, fugi, mas não sei como ganhar a vida.

- Pois bem - lhe disse o burro - minha história é bem semelhante à sua. Vou tentar a vida como músico em Bremen. Venha comigo. Eu tocarei flauta e você poderá tocar tambor.
O cão aceitou o convite e seguiu com o burro. Não tinham andado muito, quando encontraram um gato, muito triste, sentado no meio do caminho.

- Que tristeza é essa, companheiro? - lhe perguntaram os dois

- Como posso estar alegre, se minha vida está em perigo? - respondeu o gato - estou ficando velho e prefiro estar sentado junto ao fogo, em vez de caçar ratos. Por esse motivo, minha dona quer me afogar.

- Ora, venha conosco a Bremen, propuseram os outros. Seremos músicos e ganharemos muito dinheiro.
O gato, depois de pensar um pouco, aderiu e acompanhou-os. Foram andando até que encontraram um galo, cantando tristemente, trepado numa cerca.

- Que foi que lhe aconteceu, amigo? - perguntaram os três.

- Imaginem - respondeu o galo - que amanhã a dona da casa vai ter visitas para o jantar. Então, sem dó nem piedade, ordenou ao cozinheiro que me matasse para fazer uma canja.
Os outros, então, lhe propuseram:

- Nós vamos a Bremen, onde nos tornaremos músicos. Você tem boa voz. Que tal se nos reunissemos para formar um conjunto?

O galo gostou da idéia e juntando-se aos outros seguiram caminho.
A cidade de Bremen ficava muito distante e eles tiveram que parar numa floresta para passar a noite. O burro e o cão deitaram-se em baixo de uma árvore grande. O gato e o galo alojaram-se nos galhos da árvore. O galo, que se tinha colocado bem no alto, olhando ao redor, avistou uma luzinha ao longe, sinal de que deveria haver alguma casa por ali. Disse isso aos companheiros e todos acharam melhor andar até lá, pois o abrigo ali não estava muito confortável.
Começaram a andar e, cada vez mais, a luz se aproximava. Afinal, chegaram à casa. O burro, como era o maior, foi até a janela e espiou por uma fresta. À volta de uma mesa, viu quatro ladrões que comiam e bebiam. Transmitiu aos amigos o que tinha visto e ficaram todos imaginando um plano para afastar dali os homens. Por fim, resolveram aproximar-se da janela. O burro colocou-se de maneira a alcançar a borda da janela com uma das patas. O cão subiu nas costas do burro. O gato trepou nas costas do cão e o galo vôou até ficar em cima do gato.
Depois, a um sinal combinado, começaram a fazer sua música juntos: o burro zurrava, o cão latia, o gato miava e o galo cacarejava. A seguir, quebrando os vidros da janela, entraram pela casa a dentro, fazendo uma barulhada medonha.
Os ladrões, pensando que algum fantasma havia surgido ali, saíram correndo para a floresta. Os quatro animais sentaram-se à mesa, serviram-se de tudo e procuraram um lugar para dormir. O burro deitou-se num monte de palha, no quintal; o cão, junto da porta, como a vigiar a casa; o gato, junto ao fogão, e o galo encarapitou-se numa viga do telhado. Como estavam muito cansados, logo adormeceram.
Um pouco além da meia noite, os ladrões, verificando que a luz não brilhava mais dentro da casa, resolveram voltar. O chefe do bando disse aos demais:

- Não devemos ter medo!

E mandou que um entrasse primeiro para examinar a casa. Chegando à casa, o homem dirigiu-se à cozinha para acender um vela. Tomando os olhos do gato, que brilhavam no escuro, por brasas, tentou neles acender um fósforo. O gato, entretanto, não gostou da brincadeira e avançou para ele, cuspindo-o e arranhando-o. Ele tomou um grande susto e correu para a porta dos fundos, mas o cão, que lá estava deitado, mordeu-lhe a perna. O ladrão saiu correndo para o quintal, mas, ao passar pelo burro, levou um coice. O galo, que acordara com o barulho, cantou bem alto:

- Có, có, ró, có!

Sempre a correr, o ladrão foi se reunir aos outros, a quem contou:

- Lá dentro há uma horrível bruxa que me arranhou com suas unhas afiadas e me cuspiu no rosto. Perto da porta, há um homem mau que me passou um canivete na perna. No quintal, há um monstro escuro, que me bateu com um pedaço de pau. Além disso tudo, no telhado está sentado um juiz, que gritou bem alto:

- Traga aqui o patife!... Acho que não devemos voltar lá... é muito perigoso!

Depois disso, nunca mais os ladrões voltaram à casa, e os quatro músicos de Bremen sentiam-se muito bem lá, onde faziam suas músicas e viviam despreocupados. De vez em quando alguém das redondezas os chamavam e lá iam eles, felizes e contentes, tocar a sua música...

A menina dos fósforos

                               



    Era véspera de Ano Bom. Fazia um frio intenso; já estava escurecendo e caía neve. Mas a despeito de todo o frio, e da neve, e da noite, que caía rapidamente, uma criança, uma menina, descalça e de cabeça descoberta, vagava pelas ruas. É certo que estava calçada quando saiu de casa; mas as chinelas eram muito grandes, pois que a mãe as usara, e escaparam-lhe dos pezinhos gelados, quando atravessava correndo uma rua, para fugir de dois carros que vinham a toda a brida. Não pôde achar um dos chinelos e o outro apanhou-o um rapazinho, que saiu correndo e declarando que aquilo ia servir de berço aos seus filhos, quando os tivesse. Continuou, pois, a menina a andar, agora ocm os pés nus e gelados. Levava no avental velhinho uma porção de pacotes de fósforos e tinha na mão uma caixinha: não conseguira vender uma só em todo o dia, e ninguém lhe dera esmola - nem um só vintém.
Assim, morta de fome e frio, ia se arrastando penosamente, vencida pelo cansaço e o desânimo - a estátua viva da miséria.
Os flocos de neve caíam pesados, sobre os lindos cachos louros que lhe emolduravam graciosamente o rosto; mas a menina nem dava por isso. Via, pelas janelas das casas, as luzes que brilhavam lá dentro; vagava na rua um cheiro bom de pato assado - era a véspera do Ano Bom - isso sim, não o esquecia ela.
Achou um canto, formado pela saliência de uma casa, e acocorou-se ali, com os pés encolhidos para abrigá-los ao calor do corpo; mas cada vez sentia mais frio. Não se animava a voltar para casa, porque não tinha vendido uma única caixinha de fósforos, e não ganhara um vintém; era certo que levaria algumas lambadas. Além disso, lá fazia tanto frio como na rua, pois só havia o abrigo do telhado, e por ele entrava uivando o vento, apesar dos trapos e das palhas que lhe tinham vedado as enormes frestas.
Tinha as maozinhas tão geladas... estavam duras de frio. Quem sabe se acendendo um daqueles fósforos pequeninos, sentiria algum calor? Se se animasse a tirar um ao menos da caixinha, e riscá-lo na parece para acendê-lo... Ritch!... Como estalou, e faiscou, antes de pegar fogo!
Deu uma chama quente, bem clara, e parecia mesmo uma vela, quando ela o abrigou com a mão. E era uma vela esquisita, aquela! Pareceu-lhe logo que estava sentada diante de uma grande estufa, de pés e maçanetas de bronze polido. Ardia nela um fogo magnífico, que espalhava suave calor. E a meninazinha ia estendendo os pés enregelados para aquecê-los e... crac! Apagou-se o clarão! Sumiu-se a estufa, tão quentinha, e ali ficou ela, no seu canto gelado, com um fósforo apagado na mão. Só via agora a parede escura e fria.
Riscou outro. Onde batia a sua luz, a parede tornava-se transparente como a gaze, e ela via tudo lá dentro da sala. Estava posta a mesa, e sobre a toalha alvíssima via-se, fumegando entre toda aquela porcelana tão fina, um belo pato assado, recheado de maçãs e ameixas. Mas o melhor de tudo foi que o pato saltou do prato e, com a faca ainda cravada nas costas, foi indo pelo soalho direto à menina que estava com tanta fome, e...
Mas - que foi aquilo? No mesmo instante acabou-se o fósforo, e ela tornou a ver somente a parede nua e fria, na noite escura. Riscou outro fósforo, e àquela luz resplandecente, viu-se sentada debaixo de uma linda árvore de Natal. Oh! Era muito maior, e mais ricamente decorada do que aquela que vira, naquele Natal, ao espiar pela porta de vidro da casa do negociante rico. Entre os galhos brilhavam milhares de velinhas; e estampas coloridas, como as que via nas vitrinas das lojas, olhavam para ela. A criança estendeu os braços, diante de tantos esplendores, e então, então... apagou-se o fósforo. Todas as luzinhas de natal foram subindo, subindo, mais alto, cada vez mais alto, e de repente ela viu que eram estrelas, que cintilavam no céu. Mas uma caiu lá de cima, deixando uma esteira de poeira luminosa no caminho.
- Morreu alguém - disse a criança.
Porque sua avó, a única pessoa que a amara no mundo, e que estava morta, lhe dizia sempre que quando uma estrela desce, é que uma alma subiu para o céu.
Agora ela acedeu outro fósforo; e desta vez foi a avó que lhe apareceu, a sua boa vovó, sorridente e luminosa, no esplendor da luz.
- Vovó! - gritou a pobre menina - Leva-me contigo... Já sei que quando o fósforo se apagar, tu vais desaparecer, como se sumiram a estufa quente, e o rico pato assado, e a linda árvore de Natal!
E a coitadinha pôs-se a riscar na parede todos os fósforos da caixa, para que a avó não se desvanecesse. E eles ardiam com tamanho brilho, que parecia dia, e nunca ela vira a vovó tão alta, nem tão bela! E ela tomou a neta nos braços, e voaram ambas, em um halo de luz e de alegria, mais altoo, e mais alto, e mais longe... longe da terra, para um lugar lá em cima onde não há mais frio, nem fome, nem sede, nem dor, nem medo, porque elas estavam agora com Deus.
A luz fria da madrugada achou a menina sentada no canto, entre as casas, com as faces coradas e um sorriso de beatitude. Morta. Morta de frio, na última noite do ano velho.
A luz do Ano Bom iluminou o pequenino corpo, ainda sentado no canto, com a mão cheia de fósforos queimados.
- Sem dúvida ela quis aquecer-se - diziam.
Mas... ninguém soube das lindas visões, que visões maravilhosas lhe povoaram os últimos momentos, nem em que halo tinha entrado com a avó nas glórias do Ano Novo.


Há algum tempo atrás, havia um homem que tinha belas casas tanto na cidade como no campo, negócios de ouro e prata, rica mobília e carruagens todas adornadas com ouro. Mas esse homem teve o azar de ter uma barba azul que o fazia tão horrivelmente feio que todas as mulheres e garotas fugiam dele.

Uma de suas vizinhas, uma nobre dama, tinha duas filhas, ambas muito bonitas. Ele queria casar-se com uma das filhas, deixando à nobre dama a escolha de que filha seria entregue a ele. Nenhuma das duas o queriam, uma ficava empurrando o casamento pra outra, não suportando a idéia de casar-se com um homem que tinha a barba azul. Para aumentar o desgosto e a aversão que elas sentiam por ele, havia o fato de que ele já havia se casado várias vezes e ninguém sabia o que havia ocorrido a essas mulheres.

Barba Azul, para ganhar a afeição delas, levou-as, com sua mãe, três ou quatro damas de companhia e outros jovens da vizinhança, para uma de suas casas de campo, onde ficaram durante uma semana.

O tempo era ocupado com festas, caçadas, pescarias, dança, alegria e descanso. Ninguém foi dormir, mas todos passaram a noite conversando e brincando uns cons os outros. Resumindo, correu tudo tão bem que a filha mais nova começou a pensar que a barba do homem não era tão azul assim e que ele devia ser um cavalheiro muito cortês.

Logo que voltaram para casa, o casamento estava feito. Cerca de um mês depois, Barba Azul disse à sua esposa que tinha que fazer uma viagem importante pelo país e que ficaria fora por pelo menos seis semanas. Ele desejava que ela se divertisse enquanto ele estivesse fora: que mandasse buscar amigos e conhecidos, levasse-os ao campo, se quisesse, e que comesse do bom e do melhor.

"Aqui estão," ele disse,"as chaves para os dois guarda-roupas grandes, onde guardo as melhores peças. Estas são as das louças e talheres de ouro e prata, que não usamos no dia a dia. Estas abrem meus cofres onde guardo meu dinheiro, ouro e prata; estas são do meu esquife de jóias. E esta é a chave mestra para todos os quartos do castelo. Mas esta pequena aqui, esta é a chave do closet que fica no final do corredor no térreo. Pode abrir tudo, pode ira aonde quiseres, exceto no closet. Lá eu a proíbo de ir, e proíbo de tal maneira que se você abri-lo pode se preparar para toda minha raiva e ressentimento."

Ela prometeu obedecer exatamente ao que ele havia pedido. Então, depois de abraçá-la, entrou na sua carruagem e se foi.

Suas vizinhas e amigas não esperaram para ir à casa da jovem esposa. Elas estavam impacientes para ver a rica mobilha da casa e não quiseram ir enquanto o marido lá estava por causa da sua barba azul que muito as assustava. E elas correram por todos os quartos, vestiários e guarda-roupas, e cada uma era mais rico e lindo que o outro.

Depois disso, elas subiram para os dois quartos maiores onde ficavam as maiores riquezas. Elas não podiam admirirar suficientemente a quantidade e beleza da tapeçaria, as camas, sofás, mesas e espelhos nos quais podia-se ver dos pés à cabeça; alguns deles tinham molduras de vidro, outros de prata, outros douradas, os melhores e mais magníficos que elas já tinham visto.

Não paravam de exagerar e invejar a felicidade da amiga, que não estava se divertindo muito a olhar todas aquelas riquezas, pois estava impaciente para ver o que havia no pequeno closet do térreo. Sentiu-se tão pressionada por sua curiosidade que, sem considerar que era uma indelicadeza deixar as visitas sozinhas, desceu a pequena escadinha com tanta pressa que quase caiu e quebrou o pescoço.

Chegando à porta do closet, aí se deteve algum tempo, lembrando-se da proibição que o marido lhe fizera e considerando que lhe poderia acontecer uma desgraça por haver sido desobediente; mas a tentação era tão forte que ela não a pôde vencer. Pegou a pequena chave, e, trêmula, abriu a porta do gabinete. A princípio ela não conseguiu ver nada lá dentro, pois as janelas estavam fechadas. Depois de alguns instantes ela percebeu que no chão, que estava coberto de sangue coagulado, havia corpos de várias mulheres mortas, ocupando todo o espaço do closet. (Estas eram todas as mulheres com as quais Barba Azul havia se casado e as quais ele havia assassinado, uma depois da outra). Ela achou que ia morrer de medo, e a chave, que ela tinha tirado da fechadura, caiu de sua mão.

Depois de se recuperar um pouco do susto, ela pegou a chave, trancou a porta e subiu para seu quarto para descansar; mas ela não conseguia, pois ainda estava muito assustada. Observando que a chave estava manchada de sangue, ela tentou duas ou três vezes limpá-la; mas o sangue não saía; em vão ela lavou a chava e até esfregou com sabão e areia. O sangue continuava lá, pois a chave era mágica e ela nunca coseguia limpá-la. Quando conseguia tirar o sangue de um lado, ele voltava no outro lado.

Barba Azul voltou de sua viagem no fim daquele mesmo dia, dizendo que, no caminho, recebera notícias de que o negócio que o levara a partir acabara de realizar-se com vantagem para ele. A mulher fez quanto pôde para se mostrar encantada com esse breve retorno.

Na manhã seguinte ele pediu que ela lhe desse as chaves. Ela as devolveu, mas com as mãos tão trêmulas que ele facilmente percebeu o que havia acontecido.

"Por que" disse ele, "a chave do closet não está junto com as outras?"

"Eu," disse ela, "devo tê-la deixado lá em cima, sobre a mesa."

"Então," disse Barba Azul, "traga-me ela logo."

Depois de muito enrolar, ela foi forçada a levar a chave para ele. Barba Azul, depois de examinar atentamente a chave, perguntou a sua esposa: "Por que a chave está manchada de sangue?"

"Eu não sei," gritou a pobre mulher, mais pálida que a morte.

"Você sabe!" retrucou Barba Azul. "Eu sei muito bem. Você entrou no closet, não entrou? Muito bem, madame; você vai voltar lá e tomar seu lugar junto às outras senhoras que você viu."

Diante disso, ela se jogou aos pés do marido e and implorou seu perdão com todos os sinais de verdadeiro arrependimento, prometendo que nunca mais seria desobediente. Ela teria feito uma rocha derreter-se, tão linda e triste ela estava, mas o coração de Barba Azul era mais duro que qualquer rocha!

"Você deve morrer, madame," ele disse, "e já."

"Já que tenho que morrer," respondeu ela (olhando-o com seus olhos cheios de lágrimas), "dê-me um pouco de tempo para rezar minhas preces."

"Eu darei sete minutos," respondeu Barba Azul, "nenhum segundo a mais."

Quando ela notou que estava sozinha, chamou sua irmã e disse-lhe: "Anne, minha irmã, suba para a torres, eu te peço, e veja se nossos irmãos estão chegando. Eles prometeram que viriam hoje. Se você os vir, faça algum sinal para eles se apressarem."

Anne subiu para a torre e a pobre mulher aflita gritava de tempos em tempos "Anne, minha irmã, vês alguém vindo?"

E a irmã dizia: "Não vejo nada além de uma nuvem de poeira sob o sol e o campo verde."

Neste meio tempo, Barba Azul, segurando um grande sabre, gritou o mais alto que pôde: "Desça agora, ou irei até aí."

"Mais um momentinho, por favor," disse a mulher; e então, bem baixinho ela falou: "Anne, minha irmã, vês alguém vindo?"

E Anne respondia: "Não vejo nada além de uma nuvem de poeira sob o sol e o campo verde."

"Desça logo," gritou Barba Azul, "ou irei até aí."

"Estou indo," respondeu a mulher; e então gritou: "Anne, minha irmã, vês alguém vindo?"

"Eu vejo," respondeu a irmã, "uma grande nuvem de poeira se aproximando."

"São meus irmãos?"

"Oh, não minha irmã, eu vejo apenas um rebanho de ovelhas."

"Você não vai descer?" gritou Barba Azul.

"mais um momentinho," disse a esposa, e então ela gritou: "Anne, minha irmã, vês alguém vindo?"

"Eu vejo," disse ela, "dois homens a cavalo, mas eles ainda estão muito longe."

"Graças a deus," respondeu a esposa. "São meus irmãos. Vou fazer um sinal, o melhor que eu puder, para fazê-lo se apressar."

Então Barba Azul gritou tão alto qu a casa inteira tremeu. A mulher angustiada desceu e se jogou aos pés de seu marido, chorando e com os cabelos revirados.

"Isso não significa nada," disse Barba Azul. "Você deve morrer!" Então, segurando os cabelos da mulher com uma mão e erguendo a espada com a outra, ele preparou-se para decapitá-la. A pobre mulher, voltando-se para ele, olhando-o com olhos moribundos, pediu que ele lhe desse um tempinho para ela se recompor.

"Não, não," ele disse, "recomponha-se com deus." e já ia erguendo o braço para cortar-lhe a garganta.

Neste exato momento houve uma batida tão forte no portão que Barba Azul parou derrepente. O portão estava aberto e os dois homens entraram. Desembainhando suas espadas, eles se dirigiram diretamente a Barba Azul. Ele sabia que aqueles eram os irmãos da sua esposa, um era um dragão, o outro, um mosqueteiro. Então ele tentou fugir imedaitamente para se salvar; mas os dois irmãos o perseguiram e o pegaram antes que ele chegasse aos degraus da entrada. Eles o atravessaram com suas espadas e o deixaram morto. A pobre mulher estava quase tão morta quanto seu marido, e não tinha forças para erguer-se e cumprimentar seus irmãos.

Como Barba Azul não tinha herdeiros, sua mulher tornou-se dona de todos os seus pertences. Ela usou parte destes bens para casar sua irmã Anne com um jovem cavalheiro que estava apaixonado por ela há bastante tempo; outra parte ela usou para comprar títulos de nobreza para seus irmãos, e o resto ela usou para casar-se com um cavalheiro muito bom que a fez esquecer-se do sofrimento que ela passou com Barba Azul.

Seguidores